Em sua passagem por
Santa Cruz, o embaixador do vinho uruguaio Daniel Arraspide realizou uma memorável
degustação do que há de melhor na viticultura daquele país.
Uma noite realmente prazerosa!
Este seria o resumo do encontro da Confraria do Sagu – confraria especializada
na análise técnica de vinhos – ocorrido na última semana nas dependências do
Hotel Águas Claras Higienópolis e que contou com a brilhante presença do
jornalista e sommelier uruguaio Daniel Arraspide, que trouxe à provação dos
confrades uma exclusiva amostra de vinhos uruguaios, que impressionaram pela
qualidade e caráter de exceção.

Os vinhos:
No leque apresentado, um vinho
branco de guarda, o Pisano Gran Reserva Arretxea
2006 elaborado pelas uvas Viogner (87%), Chardonnay (8%) e Riesling Renano
(5%). Aromas cítricos (abacaxi, pomelo, maçã), frutas brancas secas, avelãs,
coco, toque floral, com coloração amarelo ouro com reflexos dourados, sedoso e
macio em boca, com grande untuosidade. Um vinho para ser bebido solo,
contemplativo e delicioso. Passagem de 12 meses em barricas de carvalho
francesas de primeiro uso. Possui 14% de graduação alcoólica.
Depois foi o momento do Atlantico Sur Rosé de Tannat 2014 produzido pela Família Deicas, um vinho fácil de beber, com linda cor rosa salmão, morango evidenciado no aroma e notas de – incrível – avelãs, boca fina e agradável, redondo e aveludado no palato. 13,5% de graduação alcoólica.
A sinfonia de tintos iniciou com
um vinho surpreendente, o Don Pascual Edición
Limitada Tannat 2000, da bodega Establecimiento Juanicó, sem filtragem.
Impressionante a carga aromática deste vinho com 15 anos de vida que passou 24
meses em barrica de carvalho americano de segundo uso. A coloração em taça
sequer apresentava halo ocre ou alaranjado, continuava púrpura brilhante e
viva. Em boca perfeito, impecável, pronto. Elegante, fruta perfeitamente
equilibrada com a madeira, com vivacidade e inquietude irretocável. A noite
começava a mostrar-se esplendorosa. Com 13% de graduação alcoólica.
O Toscanini Antologia Tannat 2004 ruborizou as taças com sua cor
violeta profundo e trouxe aromas de cassis, framboesa e amoras além de uma boca
com taninos finíssimos e ampla estrutura e complexidade. Com 18 meses de
passagem em barricas novas de carvalho francês mostrou-se marcante e amplo.
Possui 14% de graduação.
Os enólogos uruguaios
peculiarmente utilizam um pequeno corte da uva branca Viognier na composição de
alguns tintos, com um resultado surpreendente, pois tal casta traz uma secura
saliente a boca, o Alto de La Ballena
Tannat Viognier 2007 é um exemplo notável de tal blend – cortado em 15% com Viognier - traduzindo-se num vinho
agradabilíssimo com aromas de fruta negra com ameixa destacada, flores
silvestres, violetas e baunilha e boca macia e convidativa. Estagia 9 meses em
barricas novas de carvalho americano e 13,5% de álcool.
Seguindo a degustação, o vinho
seguinte foi o Montes Toscanini Corte
Supremo Premium 2009, outro blend
composto por Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot, que disputou votos como
“vinho da noite” com o Tannat 2000 da Juanicó. Fantástico vinho do enólogo
Leonardo Toscanini, que pode traduzir toda a excelência da viticultura
uruguaia. Passa 18 meses entre barricas americanas e francesas, de primeiro e
segundo uso. Com 14% de graduação alcoólica.
Depois quem se apresentou foi o Gimenez Mendez Tannat Premium 2011, um
vinho potente e correto, de taninos marcantes e grande complexidade. Trouxe
notas mentoladas, fruta expressiva, compota e especiarias. Em boca amplo, de
ótimo corpo e persistência. Um vinhaço que repousou 1 ano em barrica de
carvalho francês e americano! Apresenta 14% de volume alcoólico.
Por último o Bouza Monte Vide Eu 2012, premium
da bodega-boutique homônima, um corte de Tempranillo, Merlot e Tannat, ainda
jovem e por isso musculoso e irrequieto ao paladar. Um vinho que pede comida,
estruturado e complexo com potencial de guarda para no mínimo 10 anos! Com 14% de graduação alcoólica.
Ao final do encontro uma certeza
reinou absoluta entre os presentes: o vinho tinto brasileiro ainda tem muito
para percorrer até chegar ao patamar dos vizinhos uruguaios! O Uruguai é um dos
poucos países produtores que luta para não se render à padronização do vinho
que visa apenas o comércio, pelo contrário, dizem “este é o nosso vinho. Se você
gostar, ótimo, se não, continuaremos a fazê-lo do mesmo jeito, pois somos
autênticos”.
Quem é Daniel Arraspide?
Daniel Arraspide é um embaixador
do vinho uruguaio. Em suas andanças pelos continentes coleciona amigos,
admiradores e simpatizantes do mundo do vinho e carrega consigo a paixão pelos
bons produtos engarrafados naquele país. Daniel é avaliador de concursos de
vinhos e participante de eventos em torno deste universo. Também já foi
considerado o “Mais Gaúcho dos Uruguaios” tamanha a sua apreciação pelos
espumantes, pela gente e pelas coisas boas do Rio Grande do Sul. Assina
trabalhos para revistas e periódicos especializados entre os quais para a
Revista Placer, La Voz de la Arena, Enjoy Uy Magazine, Revista Sabores do Sul,
Revista Adega, Jornal Bon Vivant, e Exedra 21. É editor do blog Vinos y Bebidas
no Portal de Montevideo e site www.vinoybebidas.com
um dos mais influentes sites especializados do Uruguai.
Você encontra vinhos uruguaios na Wein Haus, loja especializada em vinhos, localizada na Rua João Pessoa
895, fone 3711.3665 e site www.weinhaus.com.br.
E lembre-se: se beber, NÃO
DIRIJA!
Arretxea 2007: branco de guarda |
Os tintos uruguaios carregados de corpo e estrutura |
Ótimo blend de Tannat e Viognier |
Sinfonia de tintos foi esplendorosa! |
A Confraria do Sagu |
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