quarta-feira, 20 de junho de 2018

A produção de vinhos na Rússia


Estamos em Copa do Mundo de Futebol: Rússia 2018. E este país que já ilustrou os livros de geografia quando ainda integrava a antiga União Soviética comunista já foi o maior importador de vinhos brasileiros e também possui uma produção milenar de vinhos - produz vinho desde a Antiguidade, no século 7 a.C., colonos gregos estabeleceram aldeias nessa região e produziram alguns dos primeiros vinhos do mundo. Mas há registros de uma bebida muito semelhante a vinho datada de 6000 a.C.! Falando da União Soviética, da qual a Rússia fazia parte, era, no final da década de 1950, o sétimo produtor de vinho, segundo a OIV.

Amplamente dominado pela vodca – muito popular por lá como a cachaça no Brasil - o vinho não é a bebida alcoólica preferida dos russos, onde apenas 8,5% do volume total de vendas de álcool no país correspondem ao produto.


A maior parte das vinícolas e vinhedos da Rússia encontram-se em Krasnodor Krai, nas proximidades e na costa do Mar Negro e cuja produção - talvez 80% - dá origem a vinhos adocicados, uma preferência do consumidor russo que verte para vinhos com pouca acidez. 

Um dos críticos e autor russo de livros sobre vinhos, sommelier Artur Sarkissián, comenta que os melhores rótulos por lá elaborados – quase todos de uvas autóctones e oriundos de indicação geográfica - são representados por 14 vinícolas do Vale do rio Don e das cinco regiões irrigadas pelo rio Kuban. Entre estes rótulos destaca o Saperavi, da vinícola Fanagória; o Riesling da vinícola Abrau-Dursso; o Gran Reserva da vinícola Tsimliánsk; o Renaissance da vinícola Raevskoe; o Fagotin da Chateau Le Grand Vostock e o Liturguia Reserve da Lefkadia. 
Na verdade desde a década de 90 vários produtores perderam suas licenças por fabricarem vinhos ruins privilegiando a quantidade em detrimento da qualidade sendo que de lá para cá a Rússia tem evoluído na qualidade de seus vinhedos com replantio, investimento em tecnologia e manejo, contratação de profissionais europeus e foco na qualidade se espelhando nos franceses e italianos. Ainda não há na Rússia normação sobre “local de origem protegido”, somente indicação geográfica de procedência e provém deste país a utilização de vasos de barro, as ânforas, no amadurecimento e acondicionamento dos vinhos.


De acordo com a União de Vinicultores e Vinhateiros da Rússia, de cada dez garrafas de vinho à venda pelas redes varejistas russas, sete são nacionais e três são importadas. Além disso, 30% do volume total de vinho vendido são feitos de uva plantada na Rússia. São muito pequenas as exportações de vinhos russos, por isso a dificuldade em encontrá-los por aqui. A vinícola Abrau-Dursso, por exemplo, exporta cerca de 150 mil garrafas de espumante anualmente, o que corresponde a menos de 1% de todas as suas vendas nacionais. Ano passado foram vendidos mais de 500 milhões de garrafas de vinhos na Rússia, dos quais quase 70% produzidas no próprio país. Ao observar a lista dos maiores fabricantes de vinho russos, percebe-se que sete das 10 empresas líderes distribuem os vinhos mais baratos em embalagens Tetra Pak de um litro a preço não superior a US$ 3.


A Rússia também é um desafio aos enólogos e produtores, afinal boa parte dos vinhedos estão acometidos por condições hostis de desenvolvimento com invernos muito rigorosos, solos problemáticos e grandes problemas de sanidade nas bagas.

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