quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A terra, o mar e o Chip de Arroz com Lula


Os condomínios fechados espalharam-se pelo litoral gaúcho, principalmente na parte Norte. De alguns anos para cá dezenas destes complexos abastecidos com campos de golfe, lagos artificiais, gourmeterias e quadras multiesportivas começaram a povoar as margens da Estrada do Mar. Sim, mas há alguns quilômetros da beira-mar! Nunca entendi o que poderia levar alguém a investir alguns milhares de reais – por vezes milhões – em grandiosas, belas e equipadíssimas casas tão longe da areia.



Sempre fui um homem mais da terra do que do mar. Minha infância passada nos sítios e fazendas de meus tios e avós e os encantos que a vida rural oferecia a um jovem – caçadas de budoque, aripucas, pescarias em açudes, sangas e rios, passeios de cavalo e semeadura da terra – lambuzavam minha boca de prazer tal qual um naco de favo de mel recém-colhido da colmeia. Fui descobrir o litoral um pouco mais tarde e o que de bom trazia ao fã de U2 e New Order.



Quando adolescente me deslocava acompanhado de um punhado de amigos a apartamentos e casas locados pelo jornal numa época em que a internet ainda estava nos sonhos dos nerds americanos. Pegávamos ônibus em nossa cidade e rumávamos com aparelhos de som gigantes e pouco potentes, panelas, alguma comida e uns parcos trocos nos bolsos. Adolescentes, jogávamos taco na praia, fazíamos pastéis de mariscos brancos frescos desenterrados da areia, zoávamos algumas meninas e tomávamos drinques e batidas ao som de Cascaveletes.

Chegaram os meus dois filhos e a perspectiva de assiduidade na praia aumentou. Afinal um dos avôs - rato de praia - incentivou as seguidas viagens a Capão. As coisas mudaram, a bagagem necessária para alguns dias de veraneio entupiram o porta-malas do carro. O antes trajeto feito em 3 horas agora leva 4 e mais um tanto pois as paradas para alimentação e higiene são seguidas. E na praia, todos os dias o ritual se repete: acorda-se, prepara-se o café para todos, besunta-se as crianças com protetor solar, prepara-se as sacolas com previsões variadas, carrega-se cadeiras, guarda-sóis, coolers e brinquedos. Na areia organiza-se toda a estrutura e percebe-se que a água está marrom-Toddy e o repuxo afasta até mesmo os banhistas mais incautos. A chegada do momento de descanso se distancia quando uma das crianças coberta de areia tal como um croquete com farinha de rosca chora reclamando do vento arenoso no rosto e tem que regressar para casa. Quando chove então as opções acabam se reduzindo a ruidosas bagunças dentro de casa tamanha a falta de atividade no litoral e claro, em comida e bebida.  Ufa! E a noite chega e o que não vai embora é a esperança de que o dia seguinte tudo vá ser diferente. 

Começo a entender os investimentos longe da beira-mar!     

Na companhia das peripécias do litoral, resta um belo petisco de Chip de Arroz com Lula


Ingredientes:

200g de anéis de lula
200g de chip de arroz (na falta pode ser chip de batata tipo Pringles)
100g de cream cheese tradicional
1 dente de alho picadinho
Azeite de oliva
Sal e pimenta preta moída na hora
Dill (endro) para decorar

Preparo:

Corte os anéis de lula em pedaços de cerca de 1cm. Aqueça azeite de oliva e refogue o alho e a cebola em fogo médio. Aumente o fogo e coloque a lula para saltear. Tempere com sal e pimenta e mexa com cuidado por cerca de 2 minutos. Prepare os chips adicionando uma camadinha de cream cheese e sobre esta dispondo os pedaços de lula.  Salpique com endro desidratado e sirva como petisco!




                 

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