segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De garfo e cuia!



Em julho o Brasil viu mais uma brilhante conquista de um representante gaúcho, desta vez no programa Mais Você da Rede Globo, apresentado por Ana Maria Braga: o chef Charlie Tecchio Colonetti venceu a 3ª. edição do reality show Super Chef, com esmagadores 75% de um total de 1,5 milhão de votos. O jovem chef de 26 anos que é também consultor e orientador do Senac em Caxias do Sul ganhou um prêmio de R$ 50 mil, um carro e ainda um estágio nos restaurantes do chef “marravilha” Claude Troisgros. O catarinense que veio para estes pagos ainda engatinhando considera-se um legítimo gaúcho e defensor da gastronomia tradicional dos pampas. Nesta entrevista exclusiva, Charlie fala um pouco de si, da gastronomia e é claro, de sua consagração global.


O que mudou em sua rotina após vencer o Super Chef 2011?
Charlie - O meu dia a dia esta mais corrido, agenda lotada com muitas viagens e trabalhos, o que - para mim - é maravilhoso pois estou conhecendo muitas pessoas e lugares.

De onde veio o seu gosto pela cozinha?
Charlie - Veio de berço através de minha avó, enfim, da minha família toda. Brinco que nasci embaixo de uma mesa de bigolaro (máquina antiga de fazer massa)! Estava sempre a arrodear minha avó no dia a dia. Minha irmã também colecionava receitas juntamente com o meu pai que era um cara que cozinhava muito.



Qual o prato que mais gosta de preparar e que comida você comeu e não esquece?
Charlie - Gosto das carnes exóticas, minha paixão e tem duas comidas que eu lembro que são: O bigoli com ragú de pomba que minha avó fazia quando meu avô caçava, e a feijoada que o meu pai fazia.

Qual foi o ingrediente ou comida mais esquisita ou estranha que já provaste?
Charlie - Quando eu estava na Espanha trabalhando eu provei um crustáceo chamado percebs. Ele é muito estranho, mas com um sabor fantástico.

Você teve alguma passagem engraçada em sua vida gastronômica?
Charlie - Em um certo evento, eu ainda no inicio da minha carreira fui trabalhar em um casamento e a sobremesa era petit gateau, para 350 pessoas, então o chef da cozinha alugou um caminhão frigorífico para manter os sorvetes resfriados para quando fossemos empratar só colocássemos os bolinhos e a finalização. Certo tempo depois de ter colocado 350 pratos de sorvete no caminhão fui dar uma olhada e vi que este estava pingando... O motorista havia esquecido de ligar a câmara de resfriamento do caminhão e o sorvete todo havia derretido!



De onde vêm a sua inspiração na cozinha?
Charlie - Minha inspiração maior é minha avó. E gosto muito de expressar detalhes relembrando a natureza nos meus pratos. Não posso deixar de destacar os nossos chefs no Brasil como Roberta Sudbrack, Claude Troisgros, Alex Atala e os Internacionais chef René Redzepi do NOMA e Ferran Adria do El Bulli e Quique da Costa do El Poblet.

O que foi mais difícil durante o período de confinamento no Super Chef 2011: a saudade da família ou os colegas metidos a sabe-tudo?
Charlie - Acho que o mais difícil é não ter o contato com a família, você vive intensamente aquilo e eu sou muito apegado as minhas raízes e família então não poder me comunicar com eles acredito que tenha sido o mais difícil.

Uma boa polenta ou gastronomia molecular?
Charlie - Posso ficar com as duas hehehe. No meu dia a dia eu preparo e amo trabalhar com a culinária típica é minha raiz e minha base a cozinha italiana. Mas, eu acredito muito na cozinha molecular, trabalhei um período da minha vida com ela na Espanha que é o país da cozinha molecular então sempre que posso aplico técnicas de molecular em minhas bases gastronômicas. Porque não uma polenta desconstruída?

Qual a sua visão sobre a alta gastronomia no Brasil e no RS?
Charlie - Bem eu acredito muito no potencial gastronômico do Brasil. Inúmeros chefs estão atuando com cozinhas maravilhosas, temos um diferencial de insumos gigante e devemos explorar muito isso. A cozinha do RS também é muito rica temos uma miscigenação de cultura muito grande e com insumos maravilhosos. Hoje a maior parte dos meus pratos são criados pra explorar a riqueza do nosso Rio Grande utilizando ingredientes locais com técnicas diferenciadas.

Quais os planos para o futuro?
Charlie - Trabalhar muito, aproveitar todas estas oportunidades que estão aparecendo, escrever um livro e em torno de 2 anos ter o meu próprio restaurante, com os melhores pratos criados e desenvolvidos ao longo de minha carreira.



E o Super Chef Charlie estará num workshop na Escola da Culinária Alemã (junto ao Espaço Cultural, no Pavilhão 5) na Oktoberfest no dia 12 de outubro às 17h ensinando a preparar uma Warmer Wurst-Senf-Salat (salada quente de salsicha Bock e mostarda escura).