terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Safra da uva 2018 deverá ficar dentro da média histórica, mas qualidade bem acima!

Com antecipação do início da colheita em torno 15 dias em relação ao período normal, vitivinicultores projetam volume 20% menor que o colhido no ano anterior, com ganhos na qualidade


Depois de registrar a maior colheita da história do Rio Grande do Sul, com 753 milhões de quilos de uva em 2017, antecedida pela quebra de safra recorde em 2016, com perda de 57%, a vindima 2018 deverá ficar dentro da normalidade e chegar a cerca de 600 mil toneladas da fruta destinadas ao processamento. Produtores e indústria estão otimistas com o desenvolvimento da produção no campo até o momento. As condições climáticas e o manejo adequado realizado ao longo dos meses estão proporcionando às uvas boa qualidade e níveis altos de graduação de açúcar, o que deverá resultar, novamente, em ótimos vinhos, espumantes e sucos de uvas 100%.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e também presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho/RS), Oscar Ló, as primeiras uvas para processamento começaram a ser colhidas na segunda quinzena de dezembro, cerca de 15 dias antes do período normal. “As variedades precoces estavam adiantadas por conta do pouco frio feito no inverno. A brotação começou antes, porém, as noites mais frias no mês de dezembro fizeram com que as variedades tardias estejam maturando no período considerado normal. Isso pode prolongar a safra gaúcha, fazendo com que até o término, em março, ela feche o ciclo. A previsão é de um volume 20% menor do que no ano passado, e, devido às regularidades das chuvas e as uvas estarem amadurecendo com clima mais seco, vamos ter uma excelente qualidade. O clima está mais seco, as uvas estão com a sanidade melhor”, avalia.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS) também projeta uma safra dentro da média dos últimos anos. “Contabilizando todas as uvas, independente do destino, e incluindo o consumo in natura, acreditamos que devam ser colhidas cerca de 750 mil toneladas da fruta em todo o Estado. Se mensurássemos apenas as uvas para processamento, destinadas a elaboração de vinhos, espumantes e sucos de uva, acreditamos que este número passará para, aproximadamente, 600 mil toneladas”, prevê Enio Ângelo Todeschini, engenheiro agrônomo e assistente técnico regional de fruticultura da Emater. “Se o clima continuar assim para viticultura é muito bom, pois diminui o risco de doenças e melhora a maturação da uva. Por enquanto, a qualidade está excelente. O cultivo ao longo de 2017 foi dentro do recomendado, com podas, adubação sem exagero e com plantas com cobertura de solo, o que evita a perda de água e nutrientes, ou seja, a erosão, deixando a videira sem maiores riscos”, completa.


As variedades Bordô, Niágara, Violeta, Concord, Pinot Noir e Chardonnay, por exemplo, foram as primeiras a serem colhidas no Estado. Neste mês, as vinícolas estão recebendo também as Merlot, Riesling Itálico e Glera (Prosecco), e em fevereiro e março serão a vez das Cabernet Souvignon e Franc, Tannat, Moscato Branco, Isabel e Trebbiano.

Para o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Garibaldi, Denis Debiasi, a redução na produção da videira será uma das variáveis responsáveis pela boa qualidade da fruta. “Vamos ter uma diminuição no volume, pois no ano passado a safra foi grande e, claro, a parreira não aguenta dois anos seguidos grandes volumes. Mas isso também é bom, pois não houve acúmulo de uvas nas parreiras, as uvas estão mais distribuídas e se desenvolveram melhor. Na região, tem gente colhendo com um grau de açúcar bem satisfatório. Essas noites amenas, com chuvas periódicas e dias quentes nos proporcionam uma qualidade melhor, em que as uvas amadurecem dentro da normalidade. Quando a matéria-prima vem boa, melhora toda a cadeia”, pontua Debiasi.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, as previsões climáticas previstas para o auge da safra 2018, no primeiro mês do ano, deverão se manter positivas para que se colham as uvas com a maturação adequada. “Os prognósticos meteorológicos apontam para uma influência moderada do La Niña até o final de janeiro, ou seja, uma incidência de chuvas abaixo do normal, o que favorece a maturação e, consequentemente, a boa qualidade das uvas. Estamos acompanhando as previsões, mas ainda é precipitado falar de fevereiro ou março”, observa.      



Marcio Ferrari, vice-presidente do Ibravin, coordenador da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Farroupilha, explica que as precipitações ocorridas nos últimos meses de 2017 na Serra Gaúcha – região responsável por 85% da produção nacional – foram pontuais e não deverão prejudicar o volume total que será colhido em todo o Estado: “Tivemos algumas perdas em função da chuva de pedra, mas, de uma forma geral, essa diminuição de safra se dá em função da formação de cachos menores”, explica.

Segundo o Cadastro Vitícola, no Rio Grande do Sul são cultivadas 138 variedades de uva, entre viníferas (destinadas à produção de vinhos finos e espumantes) e uvas americanas e híbridas (reservadas à elaboração de vinhos de mesa e sucos). As principais regiões produtoras são: a Serra, a Serra do Sudeste, os Campos de Cima e a Campanha.
      
Os números das últimas safras gaúchas*             
Ano
Volume (milhões de quilos)
2011
709,6
2012
696,9
2013
611,3
2014
606,1
2015
702,9
2016
300,3
2017
753,2









*Uvas para processamento de vinhos, espumantes, sucos de uva e derivados. Dados referentes ao estado do Rio Grande do Sul, provenientes do Cadastro Vinícola, mantido por meio de parceria entre Ibravin e Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi/RS), com recurso do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis).

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