segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Tudo sobre a Avaliação Nacional de Vinhos - safra 2013


O vinho brasileiro deixou de ter espinhas no rosto e gênio indócil e adquiriu, literalmente, nesta 21ª. Avaliação Nacional de Vinhos safra 2013, a sua maioridade!
 
          A maior avaliação de vinhos do mundo – que reuniu 850 pessoas para análise técnica de vinhos – apresentou os resultados da safra 2013 do vinho brasileiro, neste sábado, 28 de setembro nos pavilhões do Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Depois de semanas de trabalho, especialistas de vários países uniram-se ao público recorde entre todas as edições para conhecerem, antecipadamente, o que o consumidor irá encontrar desarrolhando as garrafas neste ano e atribuírem as suas percepções aos vinhos apresentados.     

         
         Mesmo com a safra de vinhos deste ano não sendo uniforme em todo o Brasil por conta das diferenças climáticas – o próprio RS com suas diversas regiões produtoras foi afetado - as 16 amostras de vinhos selecionadas entre os 30% mais representativos desta safra se apresentaram muito parelhas nas avaliações feitas percebendo notas mínimas de 88 pontos e máximas de 90 na atribuição dada pela seleção de enólogos. Isso demonstra um amadurecimento na elaboração de nosso vinho e um belo trabalho dos enólogos responsáveis em extrair o máximo da safra e levar ao cliente final um produto de qualidade.

         
         Chamou-me atenção o ótimo Chardonnay da Góes & Venturini, de Flores da Cunha, um branco vigoroso, com ótimo aroma (muita fruta branca e mineralidade), com ampla persistência e untuoso em boca. Foi comentado pelo jornalista e editor alemão Eckhard Supp que atribui a maior nota entre os vinhos da amostra, com 93 pontos. Também gostei do excelente Merlot da Bueno Bella Vista Estate, da Região da Campanha, com muita fruta madura, potente, equilibrado em boca e com taninos salientes.      

         
         Também deu origem a comentários positivos a diversidade de castas elegidas que deram origem aos 16 vinhos mais representativos. Viu-se entre os tradicionais brancos, um Sauvignon Blanc e entre os tintos, Malbec, Marselan e Teroldegos. Interessante a ausência de Pinot Noir e Tannat (este em 2012 muito presente) neste ano, o que pode sugerir que os vinhos desta safra não tenham impressionado os avaliadores ou então que tiveram poucas amostras concorrendo.   
          Luciano Vian, presidente da ABE, falou sobre o esforço dedicado feito pela enólogos para surpreender o consumidor a cada safra apresentados na Avaliação: “Os vinhos que estarão no mercado nos próximos anos já despontam na Avaliação”. Também frisou em seu discurso de abertura as dificuldades enfrentadas pelas vinícolas como a alta carga de impostos, o aumento de custos e adequação a legislação.
 

Luciano Vian, presidente da ABE


          Irineu Fernando Guarnier Filho e o chileno Mario Geisse receberam o Troféu Vitis 2013, na categoria  Amigo do Vinho e Enológico, respectivamente, por suas contribuições - um focado na imprensa e outro na elaboração - ao setor vitivinicola brasileiro. Ao final do evento todos foram surpreendidos com o show de Renato Borghetti.

850 avaliadores na edição 2013 - um recorde (foto: Gilmar Gomes)

        
         Mais uma vez a grandiosidade foi a palavra que resumiu o evento em 2013, pois além do recorde de público, foi marcada pela excelência dos vinhos degustados, pelo alto nível da mesa de comentaristas de diversas partes do mundo e pela ótima expectativa com relação ao produto final envasado nesta safra.

         Segue a relação dos 16 vinhos Mais Representativos da Safra 2013:

 
Categoria: Vinho Base Para Espumante

1. Vinho Base Espumante – Chardonnay – Casa Valduga
2. Vinho Base Espumante – Riesling Itálico / Chardonnay / Pinot Noir – Chandon do Brasil
3. Vinho Base Espumante - Pinot Noir – Vinícola Geisse

Categoria: Branco Fino Seco Não Aromático

4. Riesling Itálico – Cooperativa Vinícola Aurora
5. Chardonnay – Cooperativa Vinícola Nova Aliança
6. Chardonnay – Luiz Argenta Vinhos Finos
7. Chardonnay – Vinícola Góes e Venturini

Categoria: Branco Fino Seco Aromático

8. Sauvignon Blanc – Vinícola Miolo

Categoria: Tinto Fino Seco Jovem

9. Cabernet Franc – Vinícola Salton

Categoria: Tinto Fino Seco

10. Teroldego – Vinícola Monte Rosário – Vinhos Rotava
11. Teroldego – Vinícola Don Guerino
12. Merlot – Vinícola Perini
13. Merlot - Bueno Bellavista Estate
14. Malbec – Vinícola Almaúnica
15. Marselan – Vinícola Dom Cândido
16. Cabernet Sauvignon – Rasip Agropastoril

 
Rapidinhas dos corredores:
 


> Eumar Viapiana esta entusiasmado com a Copa no Mundo no Brasil e com a visibilidade que o vinho brasileiro terá.
> Joarez Valduga da Aprovale comentou sobre a importância do projeto do vinho coletivo do Vale dos Vinhedos trazendo valor agregado e imagem única do Vale.
> O Vale dos Vinhedos passou a ser o segundo polo turístico do RS.
> Os ingressos para a ANV deste ano se esgotaram em apenas 2 horas.
> Em 2013 o vinho brasileiro ganhou 3 mil prêmios internacionais mostrando a ascensão do vinho nacional nos mercados interno e externo.

A Avaliação:

         A Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2013, é organizada pela ABE – Associação Brasileira de Enologia – e neste ano, 309 amostras de vinhos de 6 estados diferentes foram encaminhadas aos avaliadores – um plantel de 120 enólogos brasileiros - que escolheram os 30% representativos da safra. As impressões da safra 2013 das 16 principais amostras foram  compartilhadas por um público de mais de oitocentos avaliadores, enólogos, amantes do vinho, jornalistas e por especialistas de vários países, entre os quais Alemanha, Austrália, Canadá, Chile e Itália. Os vinhos foram selecionados entre os 30% representativos da safra, ou seja, 93 das 309 amostras. Depois de cada amostra degustada, cada participante deu a sua nota e assinalou seus comentários na ficha de degustação com - logo em seguida - o comentário do vinho por um dos 16 especialistas. O resultado refletiu a análise feita pelo corpo de enólogos, que degustaram as amostras durante o mês de agosto, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, instituição responsável pela coordenação técnica do evento.

Da avaliação de seleção:

         Os vinhos foram avaliados em 8 sessões, entre os dias 20 a 29 de agosto de 2013, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, sempre às 9:30 h. Participaram da avaliação 120 enólogos, todos com experiência em degustação, divididos em 8 grupos (2 sessões/ grupo), com cerca de 15 degustadores/cada sessão. As amostras foram degustadas às cegas, informando-se aos degustadores somente a categoria (grupo) do vinho – sem mencionar o nome da variedade.  Diariamente eram degustadas, aproximadamente, 23 amostras por grupo.  Foi empregada a ficha da O.I.V e União Internacional dos Enólogos, a qual atribui notas em uma escala de 0 a 100 pontos. Para a composição da nota final foram consideradas um total de 10 variáveis, associadas ao Aspecto (Limpidez, Tonalidade), Olfato (Intensidade, Nitidez, Qualidade), Paladar (Intensidade, Nitidez, Qualidade, Persistência) e Avaliação Global. Os vinhos foram servidos nas temperaturas de 10oC (brancos e base para espumantes), 17oC (tintos). A seleção dos 30% melhores vinhos, correspondente a cada categoria, foi feita de acordo com a mediana; para desempate, a média aritmética seguida pelo desvio padrão. Importante salientar que as notas finais de cada vinho foram obtidas a partir do cálculo de 13 a 15 notas (conforme o grupo), o que atribui uma excelente robustez aos resultados. Foi empregado o sistema computadorizado de coleta de dados, com processamento e emissão de relatórios.

115 alunos de Viticultura e Enologia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e de Enoturismo da Fisul serviram as amostras (foto: Gilmar Gomes)

Mesa reuniu comentaristas de seis países (foto: Gilmar Gomes)
Mario Geisse recebeu o Troféu Vittis - categoria Enológico
Comentaristas nacionais e internacionais teceram elogios a maturidade do vinho brasileiro 
Produtores condecorados entre os 30% mais representativos    
Jornalistas Irineu Fernando Guarnier Filho e Silvia Mascela da Rosa - homenageados com o Troféu Vittis - categoria Amigo do Vinho - ele neste ano, ela em 2012
Renato Borghetti Fez o show de encerramento
   
Este colunista participou a convite da ABE – Associação Brasileira de Enologia

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Na ANV e com os amigos

 
Hoje é dia de subir a Serra e encontrar os amigos de imprensa e do vinho no jantar que antecede mais uma Avaliação Nacional de Vinhos, em Bento Gonçalves, que ocorrerá amanhã, no Parque de Eventos. Depois do jantar no excelente restaurante Mamma Gemma, do competente Altemir Pessali, no Vale dos Vinhedos, o amigo, sommelier e jornalista uruguaio Daniel Arraspide e sua esposa e fotógrafa Andrea Fontes farão uma degustação especial no Farina Park Hotel de rótulos uruguaios, desta vez acompanhado da querida Nani Bidegain, sommelier da Bodega Bouza, de Montevidéu. Juntar-se-ão a este grupo os jornalistas Danilo Ucha, Silvia M. Rosa (homenageada na última ANV), Janquiel Mesturini e Lu Masiero, da Conceito e mais alguns ilustres membros da imprensa especializada em enologia.
 
 
Até mais!   

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma massa mitológica!


Diz a lenda que o tortellini surgiu para homenagear o umbigo de Vênus, deusa do amor e da beleza!
 
      
         Seguidamente tortellini e capelleti são confundidos pelos apreciadores da boa cozinha, mas diferenciam-se principalmente pelo tamanho, pela espessura da massa e pelo recheio, pois o primeiro é menor e tem a massa mais fina do que o segundo. Além disso, dizem que o tortellini é mais antigo que o capelleti, teve sua origem no século XII. Mas ambos são típicas receitas da Emília-Romanha, na região setentrional da Itália. A etimologia do nome sugere que tortellini advenha de "turtellus", um alimento típico nos antigos monastérios que por sua vez derivaria de "tortula", pão rústico salgado e recheado, conhecido desde há quase dois mil anos. Mas reza a lenda que a massa nasceu na localidade de Castelfranco Emilia, na estrada que liga Bolonha a Modena, inspirada no umbigo de Vênus, deusa do amor e da beleza. E foi inspirado neste umbigo que apresento a receita da Salada de Tortellini ao Pesto e Aspargos
 

Ingredientes:
(para 4 pessoas)

500g de tortellini de queijo
200g de aspargos verdes frescos
50 ml de molho pesto
2 colheres de sopa de azeite de oliva extra- virgem
50g de queijo parmesão ralado
Sal a gosto
Folhas de manjericão
Pimenta preta moída na hora a gosto

Preparo:
Cortar os aspargos removendo as suas pontas duras e cortá-los pela metade. Branquear os aspargos colocando-os em uma panela de água fervente por cerca de 2 minutos. Escorrer e leva-los em seguida a uma tigela com água gelada para parar o cozimento. Reservar. Cozinhar o tortellini em água fervente, conforme o tempo previsto na embalagem. Escorrer e juntar o pesto no tortellini ainda quente. Adicionar o azeite de oliva, o queijo parmesão, sal e pimenta e misturar delicadamente. Adicionar os aspargos e misturar. Levar à geladeira por algumas horas antes de servir. Regar com um toque de azeite de oliva, decorar com manjericão e servir.

Você sabia:
 
Segundo o imaginário popular, entretanto, seria mais antigo. Muitos italianos acreditam que o tortellini nasceu em tempos mitológicos. Reza a lenda que no fim do século 18, um engenheiro chamado Giuseppe Ceri disse que a massa nasceu na localidade de Castelfranco Emilia, na estrada que liga Bolonha a Modena, inspirada no umbigo de Vênus, deusa do amor e da beleza. Após uma noite de amor a três, da qual participaram Baco, deus do vinho e da embriaguez, e Marte, deus da guerra, ela acordou sozinha. Acreditando ter sido abandonada, chamou o dono da hospedagem para saber se os parceiros haviam partido. Sua nudez extasiou o homem, que desceu à cozinha e fez uma massa reproduzindo o divino umbigo. Uma história parecida, com outros personagens, fala de um taverneiro que espiou uma bela mulher pelo buraco da fechadura. Igualmente deslumbrado, homenageou o umbigo feminino com uma massa recheada.
 
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nieto Senetiner Malbec DOC 2011


O Malbec talvez seja hoje no Brasil a casta tinta fina que possui a menor rejeição entre todas, ainda não é a mais consumida, pois a Cabernet Sauvignon lidera a lista, mas está entre as mais agradáveis ao nosso paladar. Um bom representante com invejável custo-benefício é o argentino Nieto Senetiner Malbec DOC 2011, originário da região de Lujan de Cuyo, plantado a mil metros acima do nível do mar e proveniente de vinhedos com quase 50 anos de idade, é envasado pela mendocina Bodegas Nieto Senetiner, umas das tradicionais vinícolas hermanas. Amadurece cerca de um ano em barricas de carvalho francesas o que contribui para algumas características notadas na análise sensorial. Possui cor vermelho profundo, lágrimas lentas e médias. Traz aromas frutados (frutas vermelhas como cereja, morango e framboesa e negras como ameixa) e alguns florais (leve jasmim e alguma violeta discreta) integrados com a baunilha, tabaco e tostado (advinda da passagem em barrica). Em boca taninos redondos e macios, fácil de beber, corpo médio, repetindo a fruta, equilibrado e com madeira e acidez bem integradas. Um pouco quente peli álcool, mas com o arejar na taça, diminui a sensação.

Acompanha com propriedade massas com molho vermelho, cozidos, carnes vermelhas assadas, algumas aves de caça, batatas e legumes assados, e queijos maduros.

Possui 14,5% de graduação alcoólica e o ideal é degusta-lo na temperatura de 16 a 18oC.

Você encontra uma extensa variedade de vinhos argentinos na Wein Haus, loja especializada em vinhos, localizada na Rua João Pessoa 895, em Santa Cruz do Sul, fone 51.3711.3665 e site www.weinhaus.com.br 

E lembre-se: se beber, NÃO DIRIJA!

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

21ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2013



          Neste sábado, 28 de setembro, o Parque de Eventos de Bento Gonçalves estará sediando a 21ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2013, organizado pela ABE – Associação Brasileira de Enologia - onde 309 amostras de vinhos foram encaminhadas aos avaliadores – este ano um plantel de 120 enólogos brasileiros - que escolheram os 30% representativos da safra. As impressões da safra 2013 das 16 principais amostras serão compartilhadas por um público de mais de oitocentos presentes por especialistas de vários países, entre os quais Alemanha, Austrália, Canadá, Chile e Itália. Os vinhos foram selecionados entre os 30% representativos da safra, ou seja, 93 das 309 amostras. Depois de cada amostra degustada, cada participante dá sua nota e assinala seus comentários na ficha de degustação, logo em seguida, é feito o comentário do vinho por um dos 16 comentaristas. O resultado reflete a análise feita pelo corpo de enólogos, que degustaram as amostras durante o mês de agosto, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, instituição responsável pela coordenação técnica do evento. Este colunista estará presente como um dos degustadores e trará na próxima semana tudo sobre mais esta Avaliação Nacional de Vinhos.

COMENTARISTAS CONFIRMADOS:


  1. Dirceu Scottá – Enólogo do Ano 2012 - Brasil
  2. Roberto Rabachino – Presidente da FISAR Internacional - Itália
  3. Hernán Amenabar – Vice-Presidente da UIOE – Chile
  4. Charlie Tecchio ColonettiChef de cozinha vencedor do Super Chef 2011– Brasil
  5. Maria Hunt – Jornalista da Forbes Travel Guide, Montage Magazine, St. Regis Magazine e Wine & Spirits Magazine – Canadá
  6. Manuel LuzSommelier da Wine.com– Brasil
  7. Christian Burgos Publisher das revistas Adega, Divino Sabores, Tênis e Aero Magazine - Brasil
  8. Richard Barrett – Enólogo e diretor global de vinhos da Schölle – Austrália
  9. Eckhard Supp – Jornalista editor da ENO WorldWine e Effilee – Alemanha
  10. Antonio Cesa Longo – Presidente da AGAS – Brasil
  11. Adilson Carvalhal Junior – Empresário Casa Flora - Brasil
  12. Otavio Berwanger – Médico cardiologista e pesquisador do Instituto Dante Pazzanese – Brasil
  13. Suzana Barelli – Jornalista editora de vinhos da Revista Menu e colunista de vinhos da Revista Isto É – Brasil

 

 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A revolução da costela!


Muitos já tentaram, poucos conseguiram. A batalha do homem contra a costela leva algumas horas mas, ao final, a boa mesa é a garantia da paz selada!

 
          Não há como, qualquer brasileiro passar despercebido pelo 20 de setembro, a data do aniversário da Revolução Farroupilha, a mais feroz guerra já demandada em solo brasileiro. Se foi legítima, cada qual defende o seu ponto de vista, alguns acham que a Guerra Farroupilha não resultou em nada, a não ser 10 anos de isolamento do restante do Império. Já outros afirmam que foi neste período que o gaúcho – a ferro e brasa – e o decretou sua identidade e o valor de seus costumes e de seu povo. Outros rabiscam teses para projetar como o Rio Grande do Sul estaria se tivesse efetivamente tivesse se separado do resto do Brasil, quem sabe um país de primeiro mundo ou quem sabe um misto de Uruguai e Argentina. O certo é que isto tivesse acontecido, atualmente teríamos um novo movimento, desta vez para tomar Santa Catarina, afinal de contas, Punta del Este possui águas muito frias e com o dólar na cotação que está, adeus veraneio por lá!

 

           Mas de volta a este orgulho que o gaúcho carrega por sua história, um dos diversos pratos preparados pelos farroupilhas era a costela assada, na verdade a peça inteira, em grandes fogos de chão, difíceis de preparar mas fáceis para servir a tropa, acompanhado do carreteiro de charque, do aipim cozido e do feijão campeiro. Tal preparo também pode ser feito em casa, na churrasqueira, ou no sítio, no legítimo braseiro, mas ambos necessitam de algumas regras e muita paciência, que ao final, vale a pena, pois a carne fica com uma suculência e sabor imbatíveis. O ideal é comprar a janela da costela – a parte central da peça – mais saborosa e macia. Se for na churrasqueira, leva cerca de 3 horas de fogo, a uma distância de cerca de 60 a 70 cm da brasa, assando com o osso para baixo, virando a mesma cerca de uns 40 a 50 minutos antes de servir. Se passar deste tempo de fogo, a costela pode ficar macia mas acabará com a suculência, ficando semelhante a uma carne desfiada sobre o osso. Já se o fogo for “de chão”, o tempo ideal é o dobro, pois o calor tende a se dissipar. Para aqueles que não possuem um espaço para o fogo de chão ou uma churrasqueira tão alta dentro de casa, pode usar-se uma alternativa, embrulhar a mesma no papel alumínio por cerca de uma hora e meia, para que cozinhe em sua própria gordura, em fogo mais baixo. No tempero, somente sal grosso, usado uma meia hora antes de servir, para evitar que a carne desidrate. Pode ser feita usando um espeto semelhante a um tridente, quando preparada no chão, ou então dois espetos ou grelha quando na churrasqueira.  
 

 
 
 
 
 
 
 
          Indiferente quanto ao preparo, uma coisa é certa: o sabor é único e o gaúcho assador, renova a cada costelão servido o seu amor pelo Rio Grande querido!

         E viva o 20 de setembro!    

 

 

 

 

 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Steven Spurrier elege os 6 melhores vinhos brasileiros


Steven Spurrier – organizador do polêmico Julgamento de Paris – e crítico da revista inglesa Decanter Magazine passou pela Serra Gaúcha em janeiro em sua incursão pela América do Sul, onde visitou também Chile e Argentina, conhecendo e provando dezenas de rótulos. Na edição deste mês da Decanter, dedicada quase que integralmente a Wines of South America, uma matéria de quatro páginas estampou os resultados das andanças de Spurrier por aqui, destacando seis vinhos gaúchos com ótima pontuação. Além dos vinhos destacados, o espumante Casa Valduga 130 também figurou na lista Top 50 de vinhos da América do Sul abaixo de 20 libras. “Estou muito animado com os vinhos que eu provei e as pessoas que eu conheci”, disse Spurrier dirigindo-se a Wines of Brasil. “O Brasil é a novidade, é a bola da vez” declarou em sua passagem pelo país, acrescentando que o Brasil possui uma imagem muito positiva no Exterior e a exposição garantida com a Copa do Mundo e Olimpíadas representa uma excelente oportunidade para o país ingressar definitivamente no mercado internacional. Para Spurrier os produtos brasileiros se diferenciam dos vinhos chilenos e argentinos por serem mais frescos e frutados.

 
Confira os 6 Eleitos:


 Cave Geisse 1998 Brut (magnum) - Pinto Bandeira (18,5 / 95 pts)

 Lídio Carraro Grande Vindima Merlot 2005 - Encruzilhada do Sul (18 / 93 pts)

 Pizzato DNA99 2008 - Vale dos Vinhedos (18 / 93 pts)

 Lídio Carraro Dádivas Pinot Noir 2012 - Encruzilhada do Sul (17,5 / 91 pts)

 Miolo Sesmarias 2008 - Campanha Gaúcha (17,5 / 91 pts)

 Casa Valduga Raízes Cabernet Franc 2010 - Campanha Gaúcha (16,5 / 88 pts)

 
O Julgamento de Paris:

Em 1976, este julgamento, conduzido pelo inglês Steven Spurrier, confrontou, em uma degustação às cegas, vinhos tintos e brancos californianos contra os melhores exemplares de Bordeaux e Borgonha. O resultado da degustação, que tinha nove juízes franceses, surpreendeu a todos: um Chardonnay e um Cabernet Sauvignon da Califórnia venceram os tradicionais rótulos franceses. O “Julgamento” virou filme em 2008 com Alan Rickman, o bruxo preceptor de Harry Potter, fazendo o papel de Steven Spurrier, que é hoje um celebrado crítico de vinho e jornalista da respeitadíssima revista britância Decanter Magazine.

 

 

Dal Pizzol Merlot 2011


Não poderia ser diferente, que nesta semana dedicada a alma gastronômica gaúcha, às vésperas de mais um 20 de setembro, data da Revolução Farroupilha, o vinho comentado deva ser do Rio Grande do Sul, representado por uma das cepas que melhor se adaptou em solo gaúcho, a Merlot. E a Dal Pizzol, vinícola de Bento Gonçalves, é a produtora do excelente Dal Pizzol Merlot 2011, um vinho equilibrado, aromático e que não passa por barrica de carvalho, indo direto dos tanques de inox depois de 12 meses, para o envasamento. Apresenta cor rubi intensa, com reflexos violáceos, lágrimas médias e lentas. Traz aromas persistentes e complexos pronunciando frutas vermelhas, alguma compota, toques florais (violetas) e especiarias. Em boca possui corpo médio, taninos macios, bom corpo e equilíbrio com retrogosto agradável e persistente. Acidez sutil mas presente, fácil de beber. Faz uma bela companhia com carnes preferencialmente vermelhas e magras, cordeiros assados, coelho, codorna e frango na panela além de alguns queijos como o brie, o camembert, o estepe e mesmo o gruyére jovem.

Possui 13% de graduação alcoólica e o ideal é servi-lo na temperatura de 16 a 18 °C.

Você encontra os vinhos Dal Pizzol na Wein Haus, loja especializada em vinhos, localizada na Rua João Pessoa 895, em Santa Cruz do Sul, fone 51.3711.3665 e site www.weinhaus.com.br. 

E lembre-se: se beber, NÃO DIRIJA!

 

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Arroz de Carreteiro em versos


Um dos mais brilhantes divulgadores da cultura gaúcha, músico e poeta, Jayme Caetano Braun escreveu versos sobre o Arroz de Carreteiro, os quais posto na íntegra, identificando-me com a sua narrativa, gaúcho de Rio Pardo que sou - um dos berços da Revolução Farroupilha.  
 


 
Nobre cardápio crioulo das primitivas jornadas,
Nascido nas carreteadas do Rio Grande abarbarado,
Por certo nisso inspirado, o xiru velho campeiro
Te batizou de "Carreteiro", meu velho arroz com guisado.

Não tem mistério o feitio dessa iguaria bagual,
É xarque - arroz - graxa - sal
É água pura em quantidade.
Meta fogo de verdade na panela cascurrenta.
Alho - cebola ou pimenta, isso conforme a vontade.

Não tem luxo - é tudo simples, pra fazer um carreteiro.
Se fica algum "marinheiro" de vereda vem à tona.
Bote - se houver - manjerona, que dá um gostito melhor
Tapiando o amargo do suor que -
às vezes, vem da carona.

Pois em cima desse traste de uso tão abarbarado,
É onde se corta o guisado ligeirito - com destreza.
Prato rude - com certeza,
mas quando ferve em voz rouca
Deixa com água na boca a mais dengosa princesa.

 
Ah! Que saudades eu tenho
dos tempos em que tropeava
Quando de volta me apeava
num fogão rumbeando o cheiro
E por ali - tarimbeiro, cansado de bater casco,
Me esquecia do churrasco saboreando um carreteiro.

Em quanto pouso cheguei de pingo pelo cabresto,
Na falta de outro pretexto indagando algum atalho,
Mas sempre ao ver o borralho onde a panela fervia
Eu cá comigo dizia: chegou de passar trabalho.

Por isso - meu prato xucro, eu me paro acabrunhado
Ao te ver falsificado na cozinha do povoeiro
Desvirtuado por dinheiro à tradição gauchesca,
Guisado de carne fresca, não é arroz de carreteiro.

Hoje te matam à Mingua, em palácio e restaurante
Mas não há quem te suplante,
nem que o mundo se derreta,
Se és feito em panela preta, servido em prato de lata
Bombeando a lua de prata sob a quincha da carreta!

Por isso, quando eu chegar,
nalgum fogão do além-vida,
Se lá não houver comida já pedi a Deus por consolo,
Que junto ao fogão crioulo,

Quando for escurecendo, meu mate -amargo sorvendo,
A cavalo nalgum tronco, escute, ao menos, o ronco
De um "Carreteiro" fervendo.

 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Mousse de Alho


Neste belo final de semana, uma boa opção é encarar o fogão, sujar um pouco de louça e criar algo na cozinha. Falando em criar, em termos de inovação ninguém supera o chef catalão Ferran Adriá, proprietário e comandante da cozinha do conceituadíssimo restaurante El Bulli, em Barcelona, fechado ano passado. Ele já recebeu todos os prêmios relativos a cozinha e tem o seu empreendimento gastronômico condecorado com as 3 estrelas do Guia Michelin que significa cozinha de primeiríssima qualidade. Adriá exibe um cardápio revolucionário, constituído em experiências de forma, textura e descontrução de ingredientes. É comum em seu restaurante servirem, por exemplo, algo que parece uma mini-maçã, mas na verdade é camarão e possui cor azulada (!). Ou a sobremesa de cenoura - que é feita com um aparelho desenvolvido por ele a partir de observações de um secador de cabelo - que ao colocar-se na boca ela evapora. Enfim, a sua cozinha destaca-se por ser assim, fantástica. Trazendo um pouquinho desta criatividade para o nosso dia-a-dia, abaixo vai uma receita fácil de fazer e que antecede muito bem a um prato principal, o Mousse de Alho

 
Ingredientes:

500g de queijo ricota
1 lata de creme de leite com soro
2 colheres de sopa de maionese
4 dentes grandes de alho sem a casca
10 azeitonas verdes sem caroço
1 envelope de gelatina em pó sem sabor (dissolvida como manda a embalagem)
4 colheres de sopa de azeite
sal a gosto
pimenta do reino a gosto

Preparo:

Coloque todos os ingredientes no liqüidificador. Bata bastante. Unte uma fôrma a seu gosto com azeite. Despeje a mousse e leve a gelar por mais ou menos 3 horas. Desenforme, decore a gosto e sirva com torradas.